28.1.11

Frank Lloydiando...


Frank Lloyd Wright Av. | Oak Park, Chicago.

Deu saudades! Ontem recebi um e-mail do departamento de Arquitetura do Politecnico di Milano com a divulgação de uma viagem de estudos, em abril deste ano, à Chicago, para visitar as obras de Frank Lloyd Wright. Não vou enganar vocês que me deu uma vontade imensa de voltar lá e rever tudo novamente. Em 2004, ainda estudante de arquitetura, fui para os Estados Unidos fazer um intercâmbio, em Massachusetts - já com a idéia de visitar suas obras. Sempre tive profunda admiração pelo seu trabalho, e é inegável a influência que seu trabalho tem no meu desenho, principalmente quando desenho casas. Gosto muito dessa brincadeira de planos, dessa horizontalidade tão marcante. Resolvi colocar a mochila nas costas e visitar suas obras nos Estados Unidos. Em 2005 visitei a famosa Falingwater e a Kentuck Knob house - Belíssimas.

No detalhe, o living com o mobiliário projetado por Wright.

Chegar até a Fallingwater não foi nada fácil. O acesso é bem complicado, pois ela fica simplesmente no meio do "nada". A cidade mais próxima chamada Uniontown, na Pennsylvania, fica bem distante. Mas de vez em quando aparecem uns "anjos" no nosso caminho e tudo se resolve. Cheguei lá! Era 15 de Março de 2005 - um dia de inverno de muito sol, porém com temperaturas baixíssimas. Depois de caminhar pela floresta com um grupo de 15 pessoas, escutando a guia contar um pouco da história da casa, chegamos em frente dela. Não vou esconder que é emocionante. A gente sempre vê aquela foto clássica da casa sobre o rio, com a cascata, em livros, mas estar ali é muito melhor! A casa na verdade é uma grande ilusão de ótica. Wright era um mestre de verdade. Ele projetou a casa inteira baseando-se na altura do membro mais alto da família. O pé direito é bem baixo, assim como o guarda-corpo das varandas, o que contribui para aumentar a sensação de horizontalidade. Depois de percorrer todos os cômodos, fomos levados até aquela pedra, de onde se faz a famosa foto "clássica". Fantástico e inesquecível.


Eu e meu amigo Ricardo - foto clássica da Fallingwater.

Perto da Fallingwater, no dia seguinte, visitamos a casa Kentuck Knob - uma surpresa muito agradável. Imaginem uma casa feita com ângulos bem fechados, tudo muito triangular... Pedra, madeira e vidro, cercados de natureza em volta... Rasgos geométricos no forro em madeira, criam desenhos no piso de acordo com a inclinação do sol... O mobiliário, todo desenhado por Wright, é um espetáculo à parte. Encaixes perfeitos, hamonia total. O mais interessante além da volumetria, é o fato de que o uso constante da pedra, inclusive nos interiores, não deixa o ambiente pesado, sufocante. Cada pedra foi talhada manualmente em diversos tamanhos...


Detalhe de um ângulo da casa, toda em pedra e madeira.
Assinatura de Wright, ao lado da porta de entrada da casa.

Em 2006 eu fui para Chicago - especialmente para visitar as obras do Wright em Oak Park e para visitar algumas coisas do Mies. Desci na estação de Oak Park com a Agata numa manhã fria de fevereiro. Visitei primeiro o Unity Temple, um igreja construída em 1906. A volumetria impressiona pela equilíbrio e monumentalidade. Os interiores são sensacionais: vitrais, clarabóias e luminárias completam a assinatura da obra. Simetria total. Destaque para as molduras de madeiras que decoram paredes e teto.


Acima, a estação de trem de Oak Park: placa verde em Helvetica!
Abaixo eu e a simetria absoluta dos interiores do Unity Temple.

Antes de entrar na residência+studio de Wright, o guia fez uma roda (nesse jardim da foto abaixo) e pediu que cada um falasse de onde estava vindo e porque estava ali visitando as obras de Wright. Todos os outros visitantes eram americanos - eu era o único estrangeiro. Quando disse que era do Rio de Janeiro, todos riram: "O que você está fazendo aqui neste frio? É carnaval no seu país! Volta para lá!" - uma brincadeira, claro. Dúvida cruel essa: carnaval ou Wright?


Acima, fachada principal da residência de Wright.
Abaixo, eu e a placa de pedra com seu nome na entrada do Studio.

Foi muito bom percorrer os espaços onde ele viveu e projetou. Infelizmente não era permitido fazer fotos. A casa+studio datam de 1889-1898, e é impressionante ver a limpidez no traço, nas soluções. Na fachada principal da casa um grande triângulo fica marcado pelo telhado de duas águas, servindo de moldura para uma janela. A casa e o escritório são conectados por um corredor, o que permitia o acesso direto sem ter que passar pela área externa nos dias de frio. Depois de circular por todos os espaços, recebi um Ipod e fui fazer o tour pela vizinhança onde tem mais ou menos umas 20 casas projetadas por ele. As casas hoje estão habitadas, o que impossibilita o acesso interno. Todas, sem exceção: fantásticas. Infelizmente não visitei a Robie House, umas de suas casas mais famosas. Fica para a próxima ida a Chicago.


Que chato morar numa casa projetada por Wright, não? :)

Por fim, estar em New York City é sempre bom. Visitar o Guggenhein, melhor ainda. Tenho sempre que passar na frente, para pelo menos olhar este prédio incrível... Faz muito bem aos olhos! Um dos grandes símbolos arquitetônicos da cidade... Recomendo esse mochilão a todos os arquitetos e principalmente estudantes de arquitetura. Vale muito a pena ver tudo isso de perto. Ainda quero visitar as obras do Arizona, e voltar a Chicago... Tenho tempo!


O Guggenhein, em Agosto de 2009. 

+informações Wright Chicago | www.gowright.org
+informações Fallingwater | www.fallingwater.org

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